2ª metade

Inicia-se hoje a 2ª metade da minha estadia em Timor. Mais um mês em que deverei trabalhar com os alunos o projecto de economia e mais uns exercícios de análise de projecto no laboratório de informática. Terminámos o desenho de questionário e ainda esta semana deverá ser implementado numa amostra pequena. São sete grupos e sete questionários de opinião sobre o tem específico escolhido pelo grupo. Quase todos os trabalhos versam problemáticas do desenvolvimento económico e social de timor leste. Achei interessante este trabalho de acompanhamento, as ideias surgidas com as questões a colocar, a sua pertinência e alguam sensibilidade que se possa vir a esperar de uma ou outra pergunta. Não coloquei entraves mas apenas sistematizei as perguntas e ajudei a arrumar as questões no questionário. O tempo aqui em Timor passa rapido e lento numa contradição que tem a ver com os estados de espírito que se se vão ganhando no dia a dia. Desta vez vivo Dili como se estivesse em casa, sem procurar grandes sensações mas aproveitando sempre as experiências que esta terra proporciona no seu dia a dia. E ir a um dos muitos mercados que existem em Dili é uma experiencia interessante e que fiz no Domingo.

Domingo calmo

Hoje é a final do europeu. Acho que joga a Espanha com a Alemanha. Depois da saida de Portugal do campeonato europeu, a alegria perdeu-se... Mesmo com as apostas a funcionarem deixei de acordar as seis da manhã com o barulho dos festejos dos que acreditaram na vitória em que apostaram. Também se está tranquilo pelo Bairro e por Dili. Metade do pessoal encontra-se em passeio pelo interior de Timor, eu fui dar uma volta pelas ruas de Dili e acabei o dia no city com o Rudy. Jantámos por lá e conversámos sobre a Indonésia, a nossa ida a Paris e Portugal. Regressei a casa, vi um filme e adormeci... fim de semana portanto calmo... preparei o primeiro teste de análise de projectos e ...finalmente decidi trabalhar um pouco em meus projectos... coisa rara esta vontade de trabalhar, quando as solicitações são tantas. Mas esta minha estadia em Timor é mais um encontro com a tranquilidade do que com a descoberta. Sinto-me em casa e uma vontade maior de conversar e conviver com os timorenses e outras pessoas daqui do que propriamente viajar pelo interior de Timor. Depois, reservei os passeios para quando sair daqui e aí sim logo se verá o que fazer.. sem destino, fazer o que me apetece mesmo e não viajar segundo um plano a cumprir... embora a minha cabeça esteja totalmente cheia de planos e de organizações... é preciso desmantela-los todos...uma a um... e viver o presente apenas.

Fim de semana em aproximação

Sexta feira é dia santo... a noite de regaee de ontem à noite deixou-me com o espírito elevado e preparado para o fim de semana que se aproxima e semana de trabalho seguinte... parece que antecipo um dia ao fim de smeana mas não. As aulas de sexta feira saem-me sempre bem e o esforço compensa a produtividade da aula. Os alunos estão em fase de inicio dos trabalhos do projecto. Trabalhei com um grupo a hora e meia e na outra dei aula de análise de projectos. A aula é mais uma que se junta a tantas... mas os exemplos surgem da boa disposição que se tem... falamos do mercado financeiro em Jakarta... da hipótese teórica da TT se financiar naquele mercado para u investimento de antenas de Tatuala a Maliana... fizemos um exercício sobre empresas que distribuem dividendos e trabalhámos o projecto de economia. Nada mau. Esta turma é exigente e gosto d etrabalhar om ela.
O pessoal daqui vai de viagem para Lactubar mas eu decidi ficar-me por cá. Não me sinto motivado a grandes caminhadas de gipe por estradas sem estrada... há momentos mas não é este e por isso vou-me ficar na tranquilidade da areia branca, com a água do mar bem saboreada num sumo de papaya e... talvez vá mergulhar se encontrar alguém que me convide...

Quinta feira mágica

São oito horas da manhã, vou ter aulas toda a manhã, uma parte no laboratório de informática o que me deixa sempre muito cansado, mas quinta feira é o primeiro dia do fim de semana que se aproxima. É dia do motions, é dia de acabar a tarde na areia branca a ver o sol por após uma corrida até ao cristo rei, é dia do gin entrar por nós sem darmos conta e de cantarmos a alto e bom som o regaee tropical que aquece a nossa alma. Por isso, estou bem disposto, numa antecipação frenética de mais uma semana que se está a acabar. Claro que amanhã há aula, a da sexta feira, aquela em que vou com olhar cansado mas bem disposto... tudo corre bem e até costuma ser uma das melhores aulas da semana. O fim de semana tem destas coisas, no cansaço procura-se a energia restante que nos parece dar ainda mais força. Tudo porque se está em ambiente de fim de semana. Também aqui em Dili.

Em festa

Estamosa comemorar o S Joao... a 24 como deve ser... imagino a borrasqueira em Portugal, com os carrinhos de choque em choque com as farturas e o algodão doce... aqui ouvimos a daniela Mercury... e outras brasileiradas... e o quim barreiros... mas prefiro a daniela... afinal com sardinhas vindas da nazaré...e muito vinho e cerveja... bom tou na fase de transição entre o razoável que me permite escrever estas linhas e o não razoável...se beber mais um copo... pelo meio ensinei o batoquinho e o malhão do Souto aos timorenses. E eles...querem mais musica portuguesa... se lhes ensinava a dançar musica portuguesa... disse que sim... bamos lá a ver o que vai dar... já não me lembro do que disse mais e do que me comprometi...mas acho que deve ter sido boa coisa. Estão a dizer-me para ir dançar... copo na mão faço péssima figura... que fazer? ponho o copo ao canto e lá vamos para a canção internacional, o kuduro, aqui e em indonesio com outro nome (pedui...)mas com o mesmo som... ohh li olé.. lá bou eu

S João em Dili

O tempo vai pasando calmo e tranquilo como o clima de Timor..quente mas não sufocante. Entrámos no solestício de Inverno... embora de Inverno só tenha o nome que marca o período mais frio no hemisfério sul. Hoje também é dia de S João, com as folias sentidas à distância no nosso Puarto carago e em Braga folk pra frente com farturas pelo meio... aqui vai haver festa no bairro com uma imitação de sardinha forrada a peixe tropical. Há tres ano hou aqui no bairro festa rija com o Tiago a mostrar que ser disk jokey revela a capacidade da animação. O aluguer dos altifalantes fez aproximar meio timor, para além dos convidados que ele trouxe para o bairro... Este ano temos recomendações de nada de barulho e festa terminada à meia noite... parece que o embaixador do Japão se incomodou com um little noise ocorrido numa festinha aqui havida em Dezembro... Qual gata borralheira em debandada à meia noite com perdas de chinelo e procuras de principes e princesas encantadas... Mas S Joao é tempo de soprar o balão, mas não esse que aqui se pode beber pois o caminho a fazer é apenas do jardim à cela, isto é, o pequeno quarto que cada condómino tem o direito de ocupar em porta aberta e trincos estragados... logo à noite contarei pormenores da festa, agora bora pro trabalho que se faz tarde...S João é para durar que a festa vai continuar...

2º dia de mergulho

Desta vez por nós proprios, alugámos o equipamento na Diving Timor lorosae e aproveitámos a boleia da Luisa e do Helder. Fomos para a zona de Liquiça, a Bubble beach e Maubara, duas praias desertas e sedutoras à calma tropical. Assim que descemos encontrámos uma tartaruga jovem que se dispos a correr em circulos a nossa volta, o que permitiu muitas fotos... pena que não consiga ainda atinar com a cor das fotos e tudo fica muito azul...mas como esta é a minha cor, porque não uma blue turtle já que estamos em buble beach? Encontrámos ainda um lion fish num coral, o que significa que não se deve lá por a mão, o pé e muito menos a cara... e dá razão às lições do buoyancy control... saimos, descansámos uma hora e fomos para Maubara... ali a corrente estava muito forte e o regresso mais difícil... tive de me agarrar a um pequeno coral... e depressa se gastou o oxigénio, pelo que tivemos de subir um pouco mais cedo do previsto... mesmo assim ainda muitos peixes e muito coral... regressámos e pronto...mais um fim de semana nas ondas calmas de Dili... e com o surf a dar-me algumas saudades... mas agosto está proximo e a primeira semana de Bali toda, mas toda dedicada ao surf e as quedas (que dou muitas...) mas que importa? se gosta...e se se gosta... vai-se... life is too short to be lost...

Diving in Timor Lorosae

O pessoal aqui da casa saiu para o ramelau e eu e o Mario para o diving Timor Lorosae. Mergulhar é um deporto caro mas que vale a pena. Fomos para o Dili Rock e ao lado, o scary crap. Os australianos baptizam os lugares de diving à sua maneira e vão deixando a sua marca cultural nas rochas, tal como os portugueses deixaram com o nome das igrejas e das pessoas. O primeiro mergulho andamos a volta da rocha, tal como já o tinha feito há tres anos quando fiz aqui o curso de inciação ao mergulho. Foi bonito, tirei umas fotografias mas nada de especial. O acontecimento foi que perdi a barbatana, fui busca-la ao fundo e perdi-me do meu buddy. Vim para cima e esperei que ele aparecesse o que aconteceu passados uns minutos e voltamos a mergulhar ao encontro das moreias e de outros peixes... No segundo mergulho fomos ao encontro do peixe leão. Num buraco lá estavam eles em guarda assim que sentiram a presença de intrusos... Firmes, com as espinhas levantadas, avisavam não se aproximem muito daqui... Tirámos fotos calmamente. A pouco e pouco habitamo-mos a vida selvagem , mesmo que saibamos o perigo de uma picada daquelas... cada um no seu mundo... não sei é se reagiria assim perante um tubarão branco... os de recife já me apercebi que metem respeito mas não me puseram o coração em batida muito acelerada... Mas vamo-nos habituando a estes peixes tropicais, sejam de leão, escorpião, pedra ou cobra de coral e cada um de nós no seu lugar nos respeitamos... Daqui a pouco parto para novo mergulho para novos encontros do terceiro grau...

O outro lado da moeda

A noite de quinta feira não acabou bem com o resultado que já todos sabemos... Aqui em Dili o ambiente era de jogo, isto é, traduzia o ambiente das apostas efectuadas em ambas as equipas, mais ou menos cinquenta por cento para cada. O primeiro golo da alemanha deixou metade das pessoas decepcionadas mas sentiu-se e bem a alegria da outra metade... infelizmente estava sentado entre as pessoas dessa metade, que se meteram comigo e senti que estava ali a mais. Mudei de poiso, mas o segundo golo e a alegria existente naquele segundo lugar escolhido levaram-me a abandonar o campo e a regressar a casa... Tomei conhecimento com sabor amargo do resultado final e esperado. Na aula, o ambiente traduzia alguma consternação e aproveitei o facto dos timorenses apostarem para introduzir o conceito de risco e como medir esse risco. A turma parecia-me atenta e motivada e isso deixou-me mais animado. O resto do dia sem história, apesar do fim de semana estar a aproximar-se. Daqui a pouco vou mergulhar, ao encontro deste oceano cheio de pequenas surpresas.

O questionário

No projecto de economia decidi implementar no projecto a construção e a implementação de um inquérito de opinião sobre o tema do projecto. Fiquei surpreendido com a adesão rápida à iniciativa. Surgiram ideias de saber qual a sensibilidade dos docentes à cooperação entre a FUP e a UNTL, qual a percepção dos habitantes de Dili à evolução da situação económica e social de Timor Leste, acesso aos cuidados de saúde, opinião sobre a aplicação do fundo do petróleo e sobre hábitos de consumo de café. Neste momento estamos a fazer um levantamento de questões de modo a poderem ser traduzidas em perguntas no questionário.
Manhãs na universidade, tardes em casa e fins de tarde na areia branca. Ontem fiz intervalo dessa rotina pois as feridas do acidente de anteontem obrigavam-me a descanso. Mas hoje retomo a rotina e ..é verdade, hoje é quinta feira dia de e- motions! Estar em Dili é absorver todos os minutos, todos os segundos com as vivências de contacto com esta população que nos trata tão bem com a sua simpatia e boa disposição. Penso que chegou a hora de mostrar o outro lado de Timor, o do povo alegre e das praias lindas ao por do sol e deixar para trás a confusão dos acontecimentos passados. Deixar para trás não é esquecer mas colocá-los no seu lugar.

Acidente de bicicleta

Dili é caótico termos de trânsito e de pessoas e animais a circularem pelas ruas e estradas. As regras contam pouco e apenas existe uma sensação de hierarquização de que automóvel tem prioridade sobre mororizada, esta sobre bicicleta e a bicicleta sobre o peão... Sobre a prioridade do animal não está claro o seu lugar... Mas ontem apanhei um susto de verdade. Uma mãe atravessou a estrada e no meio chamou a filha. Dei-me conta e parei. A criança passou e foi ter com a mãe. Então eu arranquei. De repente a criança larga a mãe e volta para trás. Eu ia a passar naquele momento, guinei a bicicleta, caí e atropelei a miuda. Muita gente se foi aproximando. Eu fiquei preocupado se alguma coisa tinha acontecido à miuda. Mas felizmente ela só chorava assustada e nada tinha. Então alguem me disse que quem estava mal era eu com o joelho e o cotovelo a sangrar. Mas queria lá saber! queria era a confirmação de que tudo estava bem com a criança. Voltei para casa, desinfetei-me e aguardo agora o movimento natural de tudo infectar aqui...mas tudo passar também.. Ficou-me o susto, que se vai repercutir ainda mais no olhar multifacetado que se tem de ter aqui em Dili quando nos aventuramos em alguma rua ou estrada.

Quem gosta de segundas feiras?

O gosto pela segunda feira é universal... alguma aversão... aqui em dili o ambiente era de consternação pela derrota de Portugal! Já ninguém me dizia Porto...apenas me perguntavam se tinha alguma justificação para o que aconteceu... sinto que esta derrota de Portugal foi um banho de água fria e os receios de pior tragédia para breve... Mas o que interessa para uma segunda feira é que as aulas estão a decorrer muito bem, que tenho a turma melhor preparada de todas as turmas que tive em Timor, que sinto agora que cumpro programas semelhantes aqui e em Portugal. Isso deixa-me, enquanto professor bem contente, pois revela que este programa de cooperação sempre teve alguns resultados positivos. Ao fim da tarde lá estava na Areia Branca com o meu amigo Rudy e a falarmos de coisas a ver pela Indonésia. Ele deverá ir comigo a Jakarta o que será uma excelente oportunidade de conhecer por dentro a terceira cidade mais poluída do mundo... A noite vim um filme finlandês e gostei da temática e do desenrolar de cenas. Ver cinema em casa é outra das possibilidades em Dili...Great!

Fim de semana calmo com fim trágico...

Não se assustem...o fim trágico foi apenas a derrota de Portugal contra a Suiça... Mas o silêncio de Dili nesta madrugada contrastava com a alegria e a euforia das noites anteriores. Senti saudades do Portooo Portoggggaaali! espero que na proxima quinta feira voltemos a sentir pelas ruas de Dili este som maravilhoso! Fim de semana calmo, fui correr com o Rudy para a Areia branca, praia apropriada pelos portugueses e australianos ao fim de semana, que parece um charco em maré baixa mas que tem um lindíssimo por do sol. As seis e meis da tarde (aqui da noite) uma enorme bola de fogo põe-se mesmo em frente dos nossos olhos irradiando umas luzes amareladas e alaranjadas. Lindo! O por do sol no equador é rápido, intenso, cheio de brilho e, na Areia Branca, com cenário da ilha Alor por trás. A acompanhar tão grande tranquilidade só mesmo um sumo de papaia pura, adocicada e fresca, bem saboreada e a fazer competição aos olhos que não param de observar aquele por do sol. O regresso a casa, o convívio com o pessoal do bairro o domingo estava a finalizar, igual agora aos domingos de qualquer lugar em que a segunda feira começa a ganhar esboço nas nossas cabeças...até aqui isso acontece...

Coronel Santo António

O santo António em Manatuto ganhou posto militar e é coronel. A festa em homenagem ao Coronel Santo António durou toda a tarde com danças e jogos e muita gente animada. Manatuto fica a sessenta quilómetros de Dili, o que se traduz por uma viagem de duas horas para lá chegar e outras tantas de regresso por meio de montanhas, curvas e penhascos com o mar por baixo a lembrar que o Santo António faz-nos falta... Partimos de Dili às 14 horas, numa mikrolete que alugámos por cinquenta dólares. Frente a frente, agarrados a dois corrimões de tecto e sem espaço para nos mexermos, partimos de Dili com a sensação que a viagem ia ser difícil apesar dos sessenta quilómetros de distância. Enjoados com tanto balanço lá chegamos a Manatuto, já a festa decorria com muita alegria da população. Ouviam-se os tambores de recepção à festa. Umas velhotas tocavam tambores e eram acompanhadas por homens que dançavam atrás. Os mais novos, que estavam bêbados do vinho de palmeira de coco atropelavam as velhotas e estas zangavam-se com eles. Ao lado, uma multidão gritava cada vez que um cavaleiro com um pau tentava atirar abaixo um saco de moedas pendurado numa armação construída para o efeito. Uns mascarados tentavam tirar as moedas quando este conseguia tirá-las da armação. O segundo jogo consistia no cavaleiro arremessar pedras para um vaso de barro cheio de moedas. Aí, o risco era a pedra atingir alguém da assistência. Ninguem parecia importar-se e quando uma pedra vinha direita à multidão , esta afastava-se por magia e a pedra caia no meio... Ao por do sol a festa acabava, a lultidão regressava a casa pelas estradas e nós, noite cerrada estavamos a caminho de Dili. As 10 estavamos em Dili , cansados e uma pizarria serviço at home dispunha do que precisávamos naquele momento...

Quinta feira de e-motions

Pois é. Quinta feira é dia do e-motions ter musica ao vivo. Desta vez, um grupo timorense de reggae. Cervejola e reggae combinam bem em ambiente tropical. Uma noite inesquecível. Quinta feira é o início do fim d semana e o emotions começa-o sempre bem. Aliás passou a ser o meu lugar de eleição depois da ronda de todos os bares de Dili... Faltam ainda aqueles onde o por do sol é ainda mais especial, com um martini na mão e o mar a inspirarmo-nos para outra viagens. Mas as noites quentes do emotions sabem melhor com Bob Marley a ser relembrado.
De manhã foram as aulas. No intervalo dei-me conta que a manif frente à universidade se encontra em segundo dia de protestos. Uma centena talvez mais de estudantes ouvem o discurso produzido por um dos dirigentes do protesto , frente ao parlamento. A volta, uma cintura de GNRs e outras polícias. Houve momentos em que fiquei com a sensação que haveria mais polícias que estudantes. Até quando este braço de ferro? Espero que não se traduza em nenhuma violência.

Festa em Dili às três da manhã

O palácio do governo estva cheio. Decorria o jogo Portugal Republica Checa. A maior parte torcia por Portugal mas havia também quem torcesse pelos checos. Cheguei tarde e à hora do 2º golo da noite. Para mim os encarnados eram Portugal e a minha reacção foi dar um salto de alegria... As pessoas ao lado estranharam a reação...depois vi que me tinha enganado, Portugal eram os brancos... encolhi-me e esperei melhor resultado. E ocorreu na segunda parte, gritos por todo o lado, tambores a rufar, motorizadas de escape aberto faziam o resto do barulho. O terceiro golo da noite foi lindo e o quarto o desconcerto dos checos. Saltei de alegria, embora mais contido que a alegria dos timorenses por mais esta vitória de portoooo portoooogali.

A Manif na Universidade

A aula foi interompida pelos gritos de protesto. Frente à janela da sala de aula levantava-se cartazes e gritos de ordem. Perguntei aos alunos o que se passava. Professor é uma manifestação contra as prioridades do governo. O governo de Timor leste quer comprar carros e o povo passa fome. Os gritos soavam lá fora, canções e discursos. A polícia colocava-se em sítios estratégicos, uns dentro de carrinhas, outros fora. Não resisti e tirei fotografias. O colorido da manifestação apelava à fotografia.. que fazer? o malai é maluco... Fui almoçar e ouvia-se bem o som das palavras de ordem. Dois polícias de arma automática em punho (para mim metralhadora...) entrou no restaurante e pediu o almoço. O ambiente parecia pesado. Saí e ouvi a voz deum miudo, dá dinheiro tenho fome... Olhei para a manifestação e para o miudo e dei-lhe 50 centimos. Obrigado, retorquiu ele. Como te chamas perguntou-me ele, Carlos e tu? Marito... Naquele momento também fiquei contra a compra de viaturas!

10 de Junho

O 10 de Junho aqui em Timor não é feriado. De manhã dei aulas à turma que está sempre atenta e quer aprender mais e mais. Hoje estivemos a desenhar um questionário sobre ocupação dos tempos de lazer dos estudantes para a disciplina projecto de economia. Mas o dia vai ser marcado com a festa do 10 de Junho na embaixada de Portugal... Vai haver uma recepção para cerca de 500 convidados... aqui no bairro discute-se o tipo de vestuário... um bikini vermelho e verde é sugerido, eu poponho um desenho de uma sardinha e de um bacalhau... e há quem sugira os simbolos portugueses do momento, Cristiano Ronaldo, Pepe e Meireles... è dia de Portugal, há que fazer lembrar aquilo que nos une... na Indonésia o seu dia nacional é dia de festa popular por todo o lado...em Portugal é dia de praia com cerimónias militares...aqui em Timor é um momento de nos lembrarmos de que somos portugueses e temos a nossa cultura... sendo a do futebol a mais importante... não somos diferentes dos outros europeus...

APAO

Não sei se o nome é Apao ou uma abreviatura de Paulo. Apao é um menino que vende tangerinas em Dili. Há muitos que se espalham pela cidade com as tangerinas agrupadas em seis e presas com fitas e um pau de uma árvore que os meus conhecimentos não permitem identificar... Apao colocou-se em frente à minha bicicleta, eu parei e ouvi logo, compra tangerina boa... hesitei se deveria comprar e estava zangado pela travagem brusca da bicicleta. Compra tangerina , boa tangerina... são boas mesmo? sim senhor.. como se chama? eu Carlos e tu? Apao... olha vou comprar ´..quanto custa? um dólar... eu já sabia...tudo aqui é a um dólar... Eu Timor... e eu Português respondi... Compra sempre tangerina a Apao... eu estou aqui ao pé do Lita... se forem boas as tangerinas respondi eu... são boas sim... está bem disse eu, como digo tantas vezes quando me fazem esta pergunta... não esqueça...Apao...

2ª semana

daqui a meia hora vou começar a segunda semana de aulas. A sala onde dou as duas disciplinas para o 3º ano de economia e gestão fica no Liceu Canto Resende, com cadeiras pequenas e um apoio para os alunos tomarem notas e dois quadros pequenos que mal se consegue escrever. De Poertugal trouxe um apagador pois da ultima vez que aqui estive tinha de limpar o quadro com papel, o que deixava o quadro ainda mais sujo. Bom dia, Bom dia, vamos à aula? simm responde a turma. Como utilizo a calculadora para fazer essa operação? deixa ver... a tua não calcula... utiliza a minha... e a aula vai decorrendo com a atenção que os alunos dispensam a esta aula e que me faz cá vir pela quarta vez. Bom, vou preparar as coisas para levar para a aula, vou levar o meu computador e assim poderão utilizar na sala alguns comandos de funções financeiras. O fim de semana já passou. Ontem fiquei em casa todo o dia, não fui à praia e à noite tivemos cá um jantar feito pelas meninas desta casa. Dois enormes peixes de caril com sobremesa de fruta e bolo. Super deicioso!Elas tinham convidado dois GNR e nós beneficiámos do convite... Share the world and you gain the soul...

Porto..Portoo...Portog..ali

As seis da manhã a festa era muito junto ao palácio do Governo... Aqui no bairro ouvia-se Portoooooo gal... e a alegria esperada da primeira vitória de Portugal no campeonato europeu de futebol. Infelizmente não assisti à segunda parte pois o efeito da noite e da ronda pelos bares de Dili começaram a surtir efeito no intervalo do jogo... caí para o lado e adormeci... mas acordei com a alegria de portooo e muita alegria nas ruas do centro de Dili. Agora, com a vontade muita de não me deixar adormecer no próximo jogo, se calhar adormecendo estratégicamente no início da noite para estar bem acordado às 4 horas da manhã e beber a alegria de mais uma vitória de Portugal.

A ronda dos bares discotecas de Dili

São três horas e meia da manhã e acabei de fazer uma ronda pelos bares de Dili. Noite quente, o palácio do governo está apinhado de gente a ver o jogo de futebol suiça republica Checa. Fui ver um pouco e notei que todo o mundo aguarda o proximo jogo, Portugal Turquia. Também eu aguardo esse jogo. O peixe coco do restaurante vitória estava excelente. A bitang entrava bem com o peixe e a noite preparava-se para animar. Não entrámos no one more bar e decidimo-nos pelos amigos. Espaço pequeno e cheio de gente. Parecia que estava a dançar com a gnr pois este é o espaço de eleição da nossa polícia... Mulheres lindas e bem produzidas enchiam o corpo dos gnr, não dando qualquer hipótese aos cotas que ainda por cima estavam cheios de cerveja tiger... Decidimos experimentar o Atlantic que fica na areia branca. E um espaço aberto ao ar livre, junto ao mar e super agradável. Estava cheio à uma da manhã. A fauna não se esgotava nos gnr mas também... gente da ONU, de ONGs e timorenses preenchiam o espaço ocupado com musica electrónica e kizombas, a música que está a dar por cá... dava para dançar e o ambiente aquecia... mas o jogo de Portugal Turquia apelava a valores mais elevados e decidimo-nos pelo aconchego da casa 3. Espero por um bom bom jogo e será um bom resultado? Será que a noite vai mesmo acabar bem? se sim, vamos ouvir buzinadelas de alegria pelas ruas de Dili até ao amanhecer... foi assim há quatro anos e gostaria que o fosse este ano! A ronda dos bares de Dili, mais sofisticados do que o exotica e o AAj de ha quatro anos, vão repetir-se por outros fins de semana... tantos os que não resultarem em saida pelas montanhas e costa sul de timor.

Emotions em Dili

A noite em Dili começa na quinta feira com o emotions. Não conhecia a discoteca e só me lembrava do exótica do Carlos e de uma outra que ficava um pouco mais acima na direcção da areia branca. Esta fica junto ao aquartelamento da GNR, com um pátio de entrada com musica ao vivo e outro interior de musica mais disco. O primeiro olhar e o ambiente era masculino e tropeiro, ou seja, muitos cães à volta de um osso australiano, timorense ou português... O ambiente era internacional e o conjunto musical lá batia os sons que punha um ou dois pares a bater o pé, de cerveja, gin tonics ou vodkas na mão. Olhei e não reconheci ninguém, parecia outra Dili de há tres anos mais militarizada e com ONUs à mistura. Fiquei com saudades dos good old days de outrora com a Helena e não senti esse mesmo calor desta vez. Fiquei com vontade de me vir embora. Entretanto, uma australiana de Darwin meteu-se comigo e lá fui ficando até a conversa ter desinteressado. Entrei no bar quente e cheio de fumo e mais meia duzia batia o pé ao som de um quente som das caraibas.
regressei antes da uma da manhã com vontade de voltar pois bar é coisa que se me entranha embora este se estranha...

Samuel

Então professor como vai? Olhei, cumprimentei sem saber quem era. Não me diga que nao me conhece... olhei melhor e era o Samuel de Atauro. Grande abraço. Fiquei bem contente pois já tinha perguntado por ele. Tres anos modificam o rosto de um adolescente que se torna adulto. Samuel e o Moisés partiram de atauro em 1998 com menos de dez anos de idade para estudarem em Dili. Só em 2004 voltaram a Atauro quando lhe paguei o bilhete e fomos com os alunos da universaidade em excursão. A aldeia de Moisés e de Samuel fica aida distante do ultimo sítio onde a microlete nos leva. São tres horas de caminho a pé. Mas a alegria de encontrar os pais deixados em criança era enorme. Lembro-me da alegria de voltar a atauro. Tal como Moisés, nunca mais lá voltou. Aqui em Dili se safaram na vida, e Samuel entregou-se à aprendizagem do português e está quase a acabar o curso de lingua portuguesa na universidade de Timor leste. Para ganhar dinheiro já não precisa de vender jornais e já ensina a lingua portuguesa em ONGs. Fiquei contente como conseguiu dar a volta à vida dele. E tinha o ar maduro de saber o que fazer a seguir. Também valeu a pena, Isabel, o investimento que fizeste com eles!

Rudy

Ontem fui jantar com o Rudy. O Rudy é Indonésio e era o meu parceiro de jogging há tres anos na marginal das embaixadas. Corriamos as seis da manhã, ainda de noite, entre o porto de Dili e o farol. No regresso, o sol abria por trás do Cristo Rei nuns tons de vermelho que, misturado com o azul do céu e do mar era motivo de contemplação e tema de conversa. Vamos retomar as corridas, desta vez para os lados da areia branca. Rudy sente-se inseguro nestas terras, já foi ameaçado várias vezes e só a minha vinda o fez sair à rua. Espero conseguir dar-lhe a boa disposição de há tres anos, onde aprendi a conhecer melhor a cultura e o sentimento indonésio. Foi através de Rudy que me entusiasmei a ir à ilha das flores e a conhecer que os Indonésios são muitos povos com culturas diversificadas. Ontem aproveitámos para recordar a visita que fez a Portugal no ano seguinte, os lugares do Porto e de Paris e as peripécias de um estrangeiro à procura de uma cultura ocidental. Falamos de Kupang, onde ele esteve em visita aos pais, de Meilang a minha parceira de dança indonésia e do sentido da família para os indonésios. Fiquei de o visitar em Kupang quando ele deixar Dili. Uma das coisas que gosto em Timor é esta amizade que se vai construindo e que deixa marcas e memórias. As memórias que me trazem de volta aqui.

Moises

Moises é um rapaz de 21 anos que há quatro anos apareceu com o seu amigo Samuel no bairro da cooperaçao a pedir explicações de portugues. A Isabel, que é professora de física em Coimbra acarinhou-o, deu-lhe explicaçoes e manteve a amizade com os dois. No entanto, há tres que nao sabia deles e, hoje, uma colega do curso de portugues disse-me que eles eram estudantes de portugues na universidade. A hora de almoço reencontrei me com o Moises, estivemos a conversar e fomos almoçar. Contou-me as dificuldades de viver em Timor, que viu os pais pela ultima vez em atauro quando lhe paguei a viagem nessa altura e que agora fazia unas biscates para se sustentar e pagar os estudos. Falou-me de projectos, de fazer uns trabalhos para a comunidade da aldeia dele mas que precisava de um computador. Se soubesse dessa necessidade ter-lhe-ia trazido o que tenho encostado ao canto da minha sala e que pouca utilização lhe dou por o ter substituido por aquele que utilizo agora no meu trabalho. Tal como em Portugal julgo que a solidariedade deverá passar pelos instrumentos que permitam abrir possibilidades de cada um se safar, as tecnologias permitem fazer trabalhos de tradução (no caso de Moises e Samuel), prestar serviços de apoio, organizar contabilidade, recolher informações etc... A solidariedade evolui e a tecnologia é um dos melhores meios para ajudar a modificar situações. Eu pelo menos estou sensível a essa ajuda.

1º dia

Estamos no primeiro dia do último bimestre. Trata-se também do bimestre que tem mais professores chegados de Portugal. Por isso, a algazarra é enorme na sala de profs, cumprimentos dos que se conhecem de anos anteriores. É o meu caso: não conheço os do ano anterior e que cá estão a repetir a experiência mas conheço dos anos imdiatamente anteriores. A acompanhar a distância no tempo também a transformação fisica é maior... os cumprimentos chegam ao corredor em direcção à sala de reuniões... Os conselhos do costume e a ideia de que este programa não se invou muito. A grande surpresa foi ter encontrado uma equipa te apoio de timorenses e de colegas também timorenses. A ideia de que o programa estagnara dicipou-se de imediato com essa boa surpresa. Mas a maior de todas foi o encontro com antigos alunos, o Nelson e a Fidélia. O reencontro tropical é quente e emocionado. Aliás, é esse sentimento que bate na saudade da minha rotina lá em Portugal e me faz vir para aqui todos os anos. No ano passado não foi possível mas felizmente este ano o consegui...embora com muitas dificuldades de circunstância familiar.

Com a Merpati o aviao nunca parte....

A Merpati é uma das companhias que faz a ligaçao entre as ilhas da Indonésia e entre esta e Timor leste. Meia hora de atraso até nem foi mau atendendendo aos atrasos constantes da Merpati... Avião cheio, o rugir do motor levava-me a pensamentos maus... num avião que já deve ter ultrapassado os 100 000 km há muito... A população do avião para Dili também é muito típica, timorenses carregados de lembranças para os familiares, gente da ONU e de ONGs e empreendedores em terra de futuro sempre incerto. Bem aterrado, fila enorme para os vistos, portugues não precisa diz-me alguem ao lado, passei para outra fila, chegado ao momento, não esta, esta fila não é para portugues, mudei de fila e lá entrei em Dili... taxi... agora 10 dólares...o dobro do que pagava há tres anos...mas gasolina também mais cara...é verdade... bairro da cooperação, lado BNU, sim... o porteiro do bairoo reconheceu-me logo, grande festa e senti o primeiro ambiente timorense... depois a casa big brother, o meu cubículo que me parece este ano ainda mais pequeno que os anteriores... o lita e as compras de primeira necessidade, a areia branca e ver o por do sol! Dili ao Domingo é uma cidade com luz e alegria como todas as cidades em dia de descanso! Ontem, por ser o dia mundial da criança estava ainda mais alegre com muita gente a passear na avenida marginal. A Merpati esquecida, agora os dois meses de reencontro com este povo simpatico.