Sunday, July 22, 2007

Encontros indesejados

Ontem recebi a minha carteira com todos os documentos e cartões, com excepção do dinheiro que lá estava...Assimilando uma sociedade do plástico, acho que valorizei mais o cartão recuperado que o dinheiro perdido... Mas pela minha cabeça surgem bem as imagens daquele roubo! Tudo porque o encontro dado pela menina para me fazer aproximar do outro que me roubava, criou uma situação inesperada. Eu pedi desculpa à rapariga, retendo-a com justificações e atrasando o processo de fuga! Senti o olhar dela para ele, o aproximar dele com poucos amigos e mais justificações minhas de desculpa, naquele momento, mais leve de carteira mas sem ter dado nada por essa leveza... Ele não entendeu porque retive a rapariga (afinal um acto de boa educação...), não me ouvia e veio em auxílio ... ou poderia ser ela a ter-me roubado com aquele ligeiro roçar pelo meu corpo que me fez pensar que tinha sido eu a empurrá-la e ele do outro lado a protege-la... não sei! mas um pedido de desculpas ao ladrão (ou "partenaire") deve ter quebrado mesmo os relacionamentos usuais que se criam com este tipo de encontros. E, agora, um chocar de imagens e de rostos que não me saem da cabeça!

Thursday, July 19, 2007

O Senhor Roubado e a teoria da conspiração

A confusão do aeroporto da Portela facilita o crime! A gare do oriente já não é a escola dos aprendizes do roubo mas dos profissionais que praticam o roubo. Tudo para justificar que me roubaram a carteira numa armadilha que põe a teoria da conspiração á prova. Apesar de não ter dado pela falta da carteira no momento do roubo, consigo reconstituir todos os passos que levaram ao "pick pocket". Um rapaz atravessa-se no caminho, que me faz ligeiramente empurrar uma rapariga que segue em frente e num segundo em que a distração ocorre com a preocupação de ter magoado a rapariga a mão (que não dei conta) deve-se ter instalado no bolso de minhas calças e uma leveza não vista e nem percebida deve ter ocorrido um segundo antes, um segundo depois... Uma história clássica de roubos da estação de caminhos de ferro, igual a muitas outras... a teoria da conspiração instalou-se em mim quando começo a ligar a atitude do taxista, momentos antes, a este jogo! Eu explico: o taxista no aeroporto (ao lado da fila habitual) convida-me a entrar, a conversa (também habitual) surge e sobre dinheiro de viagens para o Porto, o engano em deixar-me exactamente no local que pretendia, uma conversa a reter-me no exterior do taxi, como que a deixar-me ser reconhecido por alguem da rede e o dito acontecimento nos dois minutos seguintes... A conspiração perfeita!

As toiradas da terceira

O regresso á Terceira foi marcado por festas e copos, em ambiente de emigrante retornado ás terras que abracei em cinco anos passados nesta ilha de toiros e hortenses... As festas fazem parte da vida das populações dos açores, enraízada nas ilhas centrais e a correr nas veias do terceirense! Depois de um bom almoço em casa de campo de uns amigos, com o mar em baixo e a serra de Santa Bárbara em cima, nada melhor que uma toirada de rua na canada do capitão mor em S Mateus. Não sou apreciador de toiradas mas muito de festas . Uma toirada à moda da terceira é para mim um mal menor, uma brincadeira com o toiro, quase uma brincadeira de igual se não fosse o stress causado ao toiro pela situação ! As portas das casas encontram-se tapadas à eventual intromissão do toiro que ocorre de vez em quando quando o folego do animal lhe permite saltar por cima da parede do quintal... então, nessa altura é a debandada total e os gritos de susto dos assistentes... enquanto o toiro passa e não passa, é o momento ideal para as visitas de uns petiscarem os cozinhados preparados pelo visitado! Tudo em grande alegria com bejolas, vinhaça e vinho de cheiro a penetrar o sangue da coragem do reencontro com o próximo toiro... Começa-se a falar do quinto toiro, aquele que só existe na cabeça estonteada (pelo vinho de cheiro) levada ao rubro pela festa brava colorida de hortenses do sentimento terceirense...

Saturday, July 14, 2007

De S Roque às Velas

No barco do triangulo a viagem é curta, de meia hora. É como atravessar o rio tejo com S Jorge sempre diante ou o Pico sempre atrás. Chegados ao porto, abrigado pela encosta alta e íngrime das velas, corremos à procura da residencial do neto, mesmo em cima do cais. A janela do quarto em cima do cais e o som das ondas a bater puseram-me de imediato KO, embalado no som do bater da ondulaçao na pedra. Mas antes, saí logo á descoberta da terra, não obstante a hora bater a meia noite. Também aqui a noite de sexta feira é mesmo para sair e o divertimento existe em pequenos cafés e bares. Num deles "karaokeava-se" a canção do pó de arroz por putos não mais de vinte anos, ou seja, quando a canção foi tocada por Carlos Paião, ainda os pais deles não os imaginavam nas disco dance music dos anos oitenta... Embalado e acordado pelas mesmas vagas no cais, parti à descoberta do que a noite não me tinha dado a conhecer ontem nas ruas das velas. Deslumbrei, enseadas profundas e colinas bem altas e no regresso à Vila deparei com este clube de informática onde parei de imediato para escrever estas linhas...

Wednesday, July 11, 2007

De S Jorge ao Pico

O terranostra já nao existe e em sua substituiçao surge um rapido catamaran que nos coloca a duas horas de S Jorge! Uma velocidade que nao conhecia nos mares dos açores... A ilha surge-nos rapidamente, ainda o folego da terceira nao tinha desaparecido. As fajas desaparecidas no fundo da encosta levam-nos a pensar que a solidao pode ser uma bençao num mundo agitado pela confusao dos interesses internacionais. Certamente que a dimensao da vida é diferente da existente no Iraque ou mesmo em qualquer grande cidade! Subir as fajas ate à Calheta requere uma viagem de horas que transforma S Jorge numa ilha de dimensoes superiores à do Continente, quiça mesmo da peninsula ibérica! Calheta pendurada na encosta ingrime e no cais embeleza-se no casario de telhados lavados que mostra uma construçao neste canto da ilha! Entao as velas, essa cresceu num casario a subir a encosta e num ambiente de mar junto da marina! Mas o que me encantou e continua a encantar é aquele Pico que se vai descobrindo com a passagem pelo canal em direcçao a S Roque. A pensao montanha em por do sol, assume uma beleza especial e enquadrada num silencio que nos puxa à contemplaçao. Entao,decidimo -nos pelos vinte quilometros a pé que ns separa da Madalena! So ha dois transporte diarios e a ilha leva-nos a sermos n´s a construir as nossa spróprias alternativas. Desta vez a pé! Aliás, passeio levava-me a passar pelas vinhas e por uma zona que me foi querida ha muitos anos, quando tomei notícia que iria ser pai em terra açoreana.

As ilhas centrais: no centro nao há virtudes mas paixoes

Faz hoje uma semana que me encontro a reencontrar estas ilhas do Atlantico. Fiquei extasiado com a terceira, com a cidade rejuvenescida de Angra e a alegria sentida de um povo que sofreu bastante com o sismo de 1980. Eu cheguei à Terceira em Agosto de 1981 no meio de uma cidade em ruinas, que ainda assim permanecia um ano em sete meses após o sismo. A cidade encontrava-se adormecida na tristeza de uma paisagem destruidora e que fez reclher nas casas ainda existentes as famílias que outrora se alegravam nas ruas de Angra. Essa alegria, senti agora nas ruas, nas esplanadas de uma cidade linda e renascida na alegria que sempre teve e que nunca esqueceu nas toiradas que se prolongavam pela primavera e verao. No cais das pipas senti o prazer de tomar uma cerveja numa das esplanadas viradas para o cais encostado ao monte Brasil. Havia agora uma praia cheia de alegria a ligar ao casario encostado nas ruas que circundam o monte. Percorri as ruas que vao ter a praça velha e subi a rua do galo admirando todo aquele casario de uma cidade que mostra que é e sempre foi uma das princesas do atlantico. E, entao, contente e cheio do calor humano dos terceirenses e dos amigos que por mim passaram, voltei me para o Pico e Faial, donde estou a relembrar estes belos momentos da minha estadia de há vinte e dois anos...

Tuesday, July 03, 2007

Retorno aos açores

Aproveitando o congresso da APDR na terceira, parto amanhã ao re-encontro de uma ilha que deixei (e com muitas saudades) há vinte e dois anos! São precisos estes encontros com a vida e com o passado que marcamos o tempo que corre por nós! Sempre bem depressa, Por isso tenho saudades dos tempos em que o tempo era lento e os dias demoravam a passar... nunca mais tinha os dezoitos anos da minha independência... vieram os dezoito e num salto saltam outros trinta e por eles passaram os quatro maravilhosos anos passados na terceira e nas outras ilhas, o primeiro emprego após o ISE e o deslumbramento pela minha independência e aventura! Para lá ficaram o enamoramento, o casamento, o primeiro filho e a partida para Macau, mas sempre guardada a amizade, a intensidade das relações nas ilhas em que temos todo o tempo do mundo na nossa mão...sem stress mas com muita intensidade! e amanhã vou ao reencontro dessa saudade!